quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O CACHORRO QUE MORAVA NO MEIO DA ESTRADA

Cachorros são animais adaptáveis, principalmente os vira-latas. Sobrevivem sem ter um dono para alimentá-los com três refeições por dia, mais o lanchinho da tarde. Cachorros poderiam facilmente morar na lua, se tivessem como respirar lá. Não à toa os primeiros tripulantes de naves espaciais eram cachorros.

Havia esse cachorro vira-lata chamado Pintado. Ele era todo branquinho dos pés ao focinho. Pintado morava numa fazenda dentro de uma casinha de madeira. Seu dono criava algumas vaquinhas malhadas e Pintado ajudava a mantê-las todas dentro da fazenda e as protegias de lobos.

O dono conseguia viver bem com as vaquinhas. Mas com o tempo ele começou a sentir uma aversão ao mal-cheiro delas. Mais exatamente ao "produto" delas, o que elas jogavam fora depois de comer. E não estamos falando do leite.

Um dia, homens engravatados chegaram na fazenda, querendo comprá-la. O dono não pensou duas vezes e vendeu toda a fazenda. Com as vaquinhas e mais o cachorro que cuidava delas e morava lá.

Deram um fim nas vaquinhas e aterraram toda a fazenda. Estavam construindo uma estrada que ia passar bem no meio do terreno. Por isso botaram pra baixo a casa da fazenda. E a casinha do Pintado também.

Não sabiam o que iam fazer com o cachorro e o doaram a uma fazenda vizinha. Todas as noites, Pintado fugia da fazenda para dormir em sua casinha. Como ela não estava mais lá, ele deitava onde ela ficava e dormia por lá mesmo. Seu novo dono sempre a ia buscar no mesmo lugar, pela manhã.

No começo dormia sobre a terra. Depois dormiu sobre pedras e cascalhos e por fim dormiu sobre o asfalto fresquinho.

Mesmo depois que a estrada foi inaugurada, Pintado ainda dormia lá. Fugia da fazenda e deitava no meio da auto-pista de dois sentidos. Dormia de costas com as quatro patinhas para cima.

Motoristas de caminhão sempre reclamavam do cachorro. Assim como todo carro de passeio que passava pela estrada de noite. Até mesmo os animais. Uma vez passou um caminhão transportando galinhas. Elas gritaram:

_ Sai da frente, cachorro!

Obviamente Pintado não entendia a língua das galinhas porque só tinha aprendido a dos cachorros. Falava um pouco a lingua das vaquinhas. Mas só. Então quando todas aquelas pessoas vinham enxotar o cachorro, ele não entendia o que elas queriam.

Tiravam o cachorro à força do meio da estrada, mas ele sempre voltava quando elas davam as costas.

Teve até uma reunião na prefeitura para discutir o problema do cachorro no meio da estrada. Uns diziam que era só pegar o animal e transformá-lo em sabão. Outros diziam que era desumano e esses queriam adotá-lo. Era uma confusão só.

_ Eu tenho uma idéia! - gritou uma vozinha no meio da multidão.

Todos se calaram. Quem falou era o antigo dono da fazenda! Agora ele era o dono de uma fábrica de pontes. Ele explicou toda a história e aceitaram a sugestão dele.

Na noite do dia seguinte, Pintado chegou na estrada para passar a noite. Encontrou mais uma construção na estrada. Bem onde ficava a sua casinha. Era um pequeno viaduto.

Pintado se aproximou mais da construção e descobriu uma coisa debaixo do viaduto. Era uma casinha de cachorro novinha em folha! Pintado entrou na casinha e foi dormir feliz.

E por cima dele, os caminhões e carros passavam sem incomodar o sono de Pintado.

FIM

quinta-feira, 21 de maio de 2009

NOITE DE NATAL


O pequeno Juninho acorda no meio da noite, ansioso pra ver Papai Noel deixar os presentes debaixo da arvore. Escondido, atrás do sofá, fica surpreso ao ver o próprio pai trazer os presentes.

De volta ao quarto, acorda o irmão mais velho pra contar a novidade.

_ O que você quer, Juninho?

_ Você não vai acreditar, mas a gente é filho de Papai Noel...

FIM

domingo, 26 de outubro de 2008

CHAPÉUZINHO SANGRENTO


CHAPEUZINHO SANGRENTO

Era uma vez uma menina muito bonita e suculenta chamada Chapeuzinho Sangrento. Isso porque ela usava sempre um chapéu. E tinha a cor vermelha, tão vermelha quanto sangue. Sim, da mesma cor do sangue que sai quando se corta o dedo.

Um dia, Chapeuzinho Sangrento foi levar um pedaço de carne para a Vovózinha. Era um fígado de boi. A Vovózinha adorava fígado acebolado. Mal passado, é claro. De preferência, sangrando.
Vovózinha de Chapeuzinho era muito velhinha. Tão velhinha que chegava a parecer uma múmia. Às vezes, as pessoas confundiam ela com um zumbi, daqueles que se levantam das tumbas para comer o cérebro dos vivos.

Mas a Vovózinha preferia fígado acebolado. Era por isso que Chapeuzinho foi levar um figado para ela. Um recém cortado, dentro de sua cestinha.

O caminho para a casa da Vovózinha era assombrado. Um ou outro fantasma passava por lá. Mas se você levasse um pacote de sabão em pó, os fantasmas deixavam você passar. Sem pegar no seu pé.

Chapeuzinho deixou um pacote de sabão em pó para eles.
E seguiu caminho.

Chapeuzinho chamou a atenção de um Lobo que passava por lá. O Lobo sentiu o cheiro do fígado, mas viu que tinha coisa melhor. Os olhos remelentos do Lobo se fixaram na carne branca de Chapeuzinho.

O Lobo resolveu abordar:
_Com licença, é por aqui que passa a estrada que vai para Piraporinha?
Chapeuzinho respondeu:
_Piraporinha? Não sei não, seu lobo. Essa daqui vai para Pirassununga.
_Ah, pode ser.
_Então me acompanhe.

Então Chapeuzinho seguiu caminho acompanhada do Lobo. O que aconteceu no resto do caminho, ninguém sabe. E acha que sabe, diz que é muito horroroso de se contar. Mas vamos dizer que Chapeuzinho foi ESTRAÇALHADA pelo Lobo!!! Feita em MIL PEDACINHOS!!!

Só se sabe que o Lobo foi até uma casa no fim da estrada.
Lá ele bateu na porta.

Uma velhinha, tão velha quanto uma múmia, abriu a porta.
Era a Vovózinha!

O Lobo disse:
_ Olá, eu trouxe um presente de sua netinha. Um delicioso fígado para a senhora acebolar!
_ Minha netinha?A Chapeuzinho?
_ Sim, ela mesma!Infelizmente ela não pode vir, porque comeu muito no almoço e está com indigestão.
_Que bondade a dela. Entre!

O Lobo entrou e a Vovózinha fritou o fígado com cebolas. E os dois comeram aquela carne. Depois que estavam satisfeitos o Lobo disse:

_Hahaha. Sabe esse fígado que a senhora fritou? Era da sua netinha!HAHAHAHA.

A Vovózinha ficou assustada.

_A minha netinha?
_Sim, eu peguei ela e a devorei. Deixei o fígado dela e nós a comemos.

A Vovózinha olhou para o prato dela, onde só tinha restado cebolas. Lambendo os dedos, ela perguntou:

_Não tem mais?

FIIIIIIIIM!!!

sábado, 25 de outubro de 2008

DORALICE PERDE A HORA E O RUMO

ANTES DE LER: escrevi como esboço para uma obra audiovisual.

***

DORALICE PERDE A HORA E O RUMO

Era uma vez uma GOIABEIRA. Cheia de FRUTAS que alimentavam PÁSSAROS e alguns meninos levados que subiam nela. Um dia debaixo dessa goiabeira, uma MENINA parou lá para brincar de pular CORDA.

Essa menina se chamava Alice. Na verdade seu nome era Doralice. E ela preferia que a chamassem de Dora, tá bom?

Dora brincava debaixo da goiabeira quando um HOMEM apressado passou por ela. O homem tinha uma VALISE em mãos e vestia TERNO e GRAVATA. Falava pra si mesmo:

_ Tô atrasado! Tô atrasadíssimo!

O homem se enroscou na corda de Dora, mas não parou. A menina foi puxada pela corda. E não foi um puxãozinho não. O homem praticamente arrastou Dora por centenas de metros, por quilômetros.

No caminho a corda se enroscou em outras coisas: numa GALINHA,num PORQUINHO, num BALDE, num ESPANTALHO e numa VACA! Todos sendo puxados como se fossem rabiola de uma pipa.

O homem só se desenroscou quando chegou perto daquelas construções gigantes de concreto e carros passando por todos os lados. Muitas OUTRAS PESSOAS passavam atrasadas. Como Dora sabia que elas estavam atrasadas? Porque elas falavam, ué?

_Tôatrasado, atrasadamuitoatrasadoprecisocorrerometrôvaidemorar – era um falatório só e sem sentido.

Dora estava perdida ali. Não tinha prestado atenção no caminho que fizeram porque estava com um balde em sua cabeça.

_Oi, com licença – perguntou ela para uma MULHER._ Como é que eu faço pra voltar pra casa?

A mulher respondeu:

_Atrasada! Atrasada!Tô sem tempo – disse isso na mesma frase, sem parar pra respirar.

Dora até atrapalhava parada no lugar.

_Saidocaminho,saidafrente – disse alguém.

Sem saber o que fazer, Dora ia começar a chorar. Mas lembrou-se da mãe falando que às vezes chorar não adianta nada. Dora segurou o choro e olhou ao redor, pensando no que fazer para achar o caminho de casa.

Ela notou os ANIMAIS que tinham sido arrastados juntos com ela. Os animais olharam em volta e começara a caminha numa fila indiana.

Dora, que não queria ficar sozinha ali, resolveu segui-los.

Os animais caminharam centenas de metros, quilômetros até. Em fila indiana! Dora estava com medo de nunca mais chegar em casa. De nunca mais provar a comidinha de sua mãe, que era muito gostosa. Ficou com medo porque não sabia o que fazer. A não ser seguir os animais.

Eles caminharam até que chegaram perto de uma ÁRVORE muito grande. Dora Achou aquela árvore familiar. Até os FRUTOS eram familiares. Ela pegou um deles e deu uma mordida.
Era uma goiaba! De uma goiabeira! De perto de casa!

Não é que os animais conseguiram voltar pra casa? Os bichos são muito espertos mesmo!

Dora voltou pra casa, pensando que o povo da cidade era muito apressado. E não queria voltar mais à cidade.

Acontece que ela voltou para a cidade grande atrás de uma vaquinha leiteira. Mas isso é uma outra estória...


FIIIIIM!!!!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Mau Humor

ANTES DE LER: um segundo exercício de temática infatil. Mais ou menos infantil.

***

MAU HUMOR

Quando a Dona Centopéia acordava de mau humor era melhor nem cruzar o caminho dela.
Encontrar com a Centopéia nesses dias era pior que queimar a língua com café quente. Até o Tamanduá que tinha uma linguona preferia se queimar.


_ Ela acordou com o pé esquerdo hoje - diziam quando a Centopéia passava. _ Aliás, com todos os cinquenta pés esquerdos! HAHAHA!

Se a Dona Centopéia ouvisse isso respondia na lata:

_ E que tal um chute de cada um dos meus pés esquerdos no seu traseiro?

***

Sem Chapéu

ANTES DE LER: estava sem escrever e resolvi dar uma exercitada. O texto me surgiu ontem de noite, deitado na cama, esperando o sono vir. Tive que levantar pra escrever, evitando o risco de esquecer pela manhã. A temática infantil veio da leitura do livro "Que História É Essa" do Flávio de Sousa. Estava relendo alguns contos que são muito bons.

***

SEM CHAPÉU

O tempo passou para Chapeuzinho Vermelho que cresceu e tornou-se uma adolescente descolada e independente. Abandonou o chapéu e fez trancinhas tererê em seu cabelo.

Até aí, tudo bem.

O problema era quando ia visitar a Vovózinha, que teimava em não recebê-la em sua casa:

_ De trancinhas?!! - gritava a avó - Pensa que me engana, seu lobo mau?!!


***